Boas vindas ao fim do ano



O relógio vai languidamente tiquetaqueando, e já estamos no meio do ano. Os meses passam feito a lebre endiabrada. O cabelo por pouco não atinge o meio das costas, e o que era castanho agora é um tom desbotado, perto do cinza. A pele cada vez mais fina e mais alva. A sensação que tenho é a de quem passou uma tarde sob a luz de uma luminária. Sob a luz que pintava de um amarelo pastel e melancólico a pilha de livros da qual eu não tirava a cara. Na verdade, as tardes foram muitas, de fevereiro, março, abril, maio, junho, julho... Dezembro está ali na esquina, fingindo estar escondido, me esperando ansiosamente.