É hora de fazer diferente, de levantar-se dessa cadeira, de levantar a sua voz , de bater pé firme, é hora de ser humilde e admitir teus erros e ter a coragem de mudar o que te deixa insatisfeito. O mundo está logo ali, depois daquela janela que você deixa fechada, a beleza do céu, a magia do amanhecer, mas você finge nem se importar, acha que está sempre muito ocupada, que os teus problemas são sempre os piores, ora, você é tão nova para ser tão velha e rabugenta! Deixe que o teu brilho se expanda, não tenha vergonha, és linda! E a minha mão está logo aqui, esperando pela tua, para irmos em direção ao novo.

Definição de caos: "Total confusão ou desordem"

Onde você não sabe onde pisar, pois parece que já não existe chão algum, ou onde está o seu tão necessário oxigênio, pois parece que você tomou um forte soco nas costelas impedindo que o seu pulmão trabalhe livremente, ah sim, ali estão! As suas lágrimas, muitas delas. Mas falta o ombro amigo para apoiar-te, razão esta para que mais lágrimas aflorem. Melancolia? Muita sim, mas acho que o momento me permite. Boa parte dos teus motivos para sorrir, para estar feliz, estão muito longe, sem previsão para voltar, e a despedida nunca é o suficiente. Outros estados, outros países, uma distância deprimente de se calcular. Mas eles também estão tão perto, aqui, logo aqui, do lado esquerdo do meu peito, de onde jamais irão sair, é até confortável, mas nunca será o bastante.


Unidos por um gosto, um plano simples. Afeição, posteriormente amizade. Amizade que atravessa quase 5000 km. Amigo, um dos poucos que eu posso dizer que tenho, e que eu não troco por nada. Amigo no qual eu confio para falar desde os acontecimentos mais banais desse cotidiano medíocre, para rir de uma coisa à toa, para ligar quando não tem nada para fazer no colégio, para pedir uma opinião aqui, um conselho ali, para desabafar e contar sobre os problemas mais complicados pelos quais eu passo. Amigo no qual eu confio cegamente, que eu sei que jamais me decepcionaria. Amigo, ou como você disse: escudeiro fiel. A maior patente que eu posso dar à alguém. Meu escudeiro fiel, no qual eu confiaria a mais difícil missão; Meu escudeiro fiel, o da armadura mais brilhante; Meu escudeiro fiel que merece o melhor do mundo; O MEU ESCUDEIRO FIEL pelo qual eu faria o impossível.

Eu realmente gostaria de poder andar sem tocar meus pés em lugar algum. Talvez assim eu deixasse de causar dor onde piso.

E eu já não sei que diabos escrever, eu já não tenho controle do que me cerca, o mundo se abre num feroz carrossel, tudo gira, tudo passa rápido, não tenho controle algum da situação. Confusão de cores, palavras, sentimentos, sons, pessoas. Uma atmosfera opressora. Que me rouba o ar, o espaço, o apoio, as palavras. Se existe saída, se existe ponto de apoio, está tudo perdido, bailando nessa valsa confusa, indo e vindo na mesma rapidez com a qual escoa-me pelas mãos, escapulindo por mínimas brechas entre meus dedos. Que pare! Que alguém me tire, que alguém abra meus olhos! Ou melhor pensando, que fechem-os! Eu quero fugir, e agora José?



José - Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Felicidade. O que é a felicidade? É palpável, é comprável, é vendível, negociável? Me disseram que não, e mesmo que fosse, na minha bolsa só há uma grande camada de papéis de bala, notas fiscais amassadas, um colírio, um livro e o meu RG. (Juro que acabei de me certificar dos meus bens, e essa é a realidade). Eu não sei bem quando ela vem, me pega de surpresa às vezes, e geralmente vai embora tão bruscamente, repentinamente, assim como veio. Mas nos dias em que essa moça felicidade me acompanha, ah, como são belos. Eu percebo as cores, os rostos, as palavras. Eu acho graça nas palavras, sim, elas podem ser engraçadas. São dias talvez como todos os outros, as mesmas pessoas, os mesmos lugares, a minha rotina costumeira. Vista com outros olhos, ah, eu trocaria todos os meus belos papéis de bala para ter esses olhos sempre. Quando eles são arrancados de mim, as cores vão embora, os rostos se distorcem, as palavras são montes de sons (quando faladas), e símbolos (quando escritas). Ou talvez, eu esteja usando meu jeito 'humano em demasiado' para jogar a culpa em um alguém cujo eu nem tenho certeza de que existe. Talvez o meu 'arrancador de lentes' (eu ia colocar olhos, o termo que eu estava até então utilizando, mas observe que ia ficar macabro) seja eu. Porque simplesmente não aguento olhar para coisas mais complexas com a mesma intensidade que elas me proporcionam.

Um olho aberto.
Um outro ainda no sonho.
Seria melhor um sonho completo, eu acho, mas realmente não tenho controle sobre isso.
A Menina Que Roubava Livros

Continente

O vento frio e cortante da noite entra, sem ser convidado, pela janela escancarada, esvoaçando as cortinas. O silêncio, interrompido em intervalos ritmados por seus soluços, embriagados de mornas e incessantes lágrimas que tentam, numa tentativa frustrada, lavar sua alma, sua fria e solitária alma. As incontáveis preces para que tudo se normalize, que ela ache seu nicho, onde será capaz de enxergar um motivo para querer sair daquele clima melancólico que a envolve, a puxando cada vez mais para baixo, para baixo. Como uma droga, cuja ela já é dependente a tanto tempo, que já não sabe como viver sem, como seria sua vida depois, se é que haveria um depois, pois parecia infindo como um imenso oceano de águas negras que ela teria de atravessar sozinha, e que porém, faltava-lhe a coragem. Ela se sentia como uma criança, que corre até a beirada do mar, testando sua coragem de entrar, e que acaba sempre voltando para a segurança da areia. Mas ela observa que o desconhecido pode também ser interessante, a adrenalina vai aos poucos sendo lançada em sua corrente sanguínea, e ela entra, começando assim a procura pelo continente aonde um dia ela irá se firmar.


Você perdeu-se na sua dor
Você sonhou com o final
Para começar tudo de novo.