Dancing with the devil's past


Passado. Inconsistência, que num momento de ilusão nos parece concreto, e que sob um leve toque se desfaz. Este fantasma que nos acompanha, que faz questão de que olhemos para a face dele a todo tempo, que faz questão de que aprendamos a encará-lo com serenidade. Que nos tenta a todo momento a querer mergulhar em sua essência e ter de novo o que já se foi. Lembranças dançam em nossa frente, bailam sorridentes, tão convidativas... Mas você pisca os olhos e elas se foram. E de repente você se pega num momento tão bobo, alimentando a esperança vã de que um dia vá brincar de "era mais uma vez".
Tento lembrar-me a todo tempo de que o passado é um tanto matreiro, e que ficar encarando a sua face bloqueia a nossa visão do aqui e do agora. Mas é um tanto inevitável ficar admirando-o num momento de baixa guarda.

Leve


Eu estou voltando. Com a pele menos pálida, o cabelo levemente mais curto e com o pescoço tatuado. Volto mais leve também: leve de cabeça, corpo e espírito. Faz bem mudar os ares, desacelerar, por os pés pro alto e deixar o dia terminar; passar o dia com quem você gosta, dizer o que pensa, mostrar o que sente; dar risada, respirar bem fundo, entrar debaixo d'água. E que cada um desses pequenos rituais de "anti-ziquizira" abram os caminhos para coisas boas e agradáveis, que (assim espero) estejam à minha frente. É tão agradável se encarar e se sentir satisfeita, em paz consigo mesma. Tão agradável quanto o leve ar do interior me invade e me enche de suspiros.