Continente

O vento frio e cortante da noite entra, sem ser convidado, pela janela escancarada, esvoaçando as cortinas. O silêncio, interrompido em intervalos ritmados por seus soluços, embriagados de mornas e incessantes lágrimas que tentam, numa tentativa frustrada, lavar sua alma, sua fria e solitária alma. As incontáveis preces para que tudo se normalize, que ela ache seu nicho, onde será capaz de enxergar um motivo para querer sair daquele clima melancólico que a envolve, a puxando cada vez mais para baixo, para baixo. Como uma droga, cuja ela já é dependente a tanto tempo, que já não sabe como viver sem, como seria sua vida depois, se é que haveria um depois, pois parecia infindo como um imenso oceano de águas negras que ela teria de atravessar sozinha, e que porém, faltava-lhe a coragem. Ela se sentia como uma criança, que corre até a beirada do mar, testando sua coragem de entrar, e que acaba sempre voltando para a segurança da areia. Mas ela observa que o desconhecido pode também ser interessante, a adrenalina vai aos poucos sendo lançada em sua corrente sanguínea, e ela entra, começando assim a procura pelo continente aonde um dia ela irá se firmar.


Você perdeu-se na sua dor
Você sonhou com o final
Para começar tudo de novo.

0 comentários:

Postar um comentário